segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Manhã de segunda.


Outro dia fiz uma coisa que há muito não experimentava. Virar a noite lendo, ouvindo rock, me olhando no espelho e reparando em cada centímetro do meu rosto.
Lembrei de quando eu era pequena e fazia isso. Ia pro banheiro pra ficar me olhando. Ainda hoje sou capaz de me lembrar de algumas das inúmeras coisas que passavam pela minha cabeça infantil, como por exemplo o fato de ser tão linda. Eu era uma criança meio narcisista, ou não. Talvez só me achasse bonita, que mal há nisso?

O fato é que hoje me peguei fazendo isso, e que diferença! Antes fosse fisicamente falando, mas era interno. As perguntas que eu me faço com dezesseis já não são as mesmas de dez anos atrás, e claro, isso causa impacto. Quando você percebe não é invencível, que vai ficar velho como os outros e que o tempo passa, e nem sempre cura as lembranças dolorosas da vida.

Seis da manhã. Abri a janela e deixei o ar gelado da manhã de segunda-feira me abraçar a alma e saudar-me com um "Bom dia. Vem!"
Pensei em como a árvore do vizinho tomava um aspecto maior sob o sol preguiçoso que como eu, buscava coragem pra acordar. Mas eu nem sequer tinha dormido!
Peguei meu diário dos quinze anos e me emocionei ao ler a passagem da minha vida e como meu pai continua presente em praticamente todos os momentos dessa minha existência.

Era tão cedo que pra mim, o cedo foi se tornando tarde. A saudade que aperta todo dia no meu peito jovem, resistia em continuar como um muro de pedra.
Os pássaros já davam seu sinal de vida, os velhos na calçada liam seus jornais conversando sobre o que havia de ser dito.
Eu, já com sono, só fiz me deitar. Fechei os olhos pro dia, esperando um novo amanhecer.

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