sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Doce idade


Querido Max, 
Tem horas que digo coisas sem saber, sem ao menos entender. Queria aprofundar-me no teu mundo, no teu universo caótico porém, sábio. No espaço onde tuas palavras  se materializam em puros sentimentos. O mundo que nos concretiza como seres admiráveis de uma sociedade estúpida, porém abrangente. O mundo que penso um dia habitar como uma mera mortal, sendo despercebida por atos falhos que cometo ao longo da vida, de tal forma que não poderei ser julgada por aquilo que expresso. Sou menina, sou criança. Sou adulta, sou mulher. Me sinto bem ao vê-lo, de fato que ao tocá-lo, meu coração ainda dispara. Como poderia amá-lo dessa maneira? Como?
Sinto-me uma bela e doce criança a espera de um presente tão sonhado em dia de festa. Meu presente é você. Amo-te e não consigo esconder. Tempos se passaram, memórias se dissiparam e o ardor teima em crescer. Ao auge dos 60, confesso ter orgulho desse sentimento puro e consistente ao tempo. Ao teu lado construí o início de uma história, e é ao teu lado que pretendo chegar ao fim dela.  


De sua cara mulher, Alice. 

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Jovem Laura -

Naquela noite de chuva, ela pensou em si mesma. Pensou que tudo o que poderia fazer, estava bem a sua frente. Era só esticar a mão e agarrar a incrível e inesperada oportunidade de ser quem sempre almejou. Uma mulher amada. Uma mulher desejada. Nada mais do que isso. Laura não apenas pensava naquela noite, mas em todas as noites que um dia desejou seu homem por perto, para que os dois pudessem juntos compartilhar seu amor , paixão e o fervor que tinham ao se encontrarem. Aquilo que por toda a vida, Laura quis, e que agora lhe era capaz, pois conquistara Jorge.
Jorge; O homem de sua vida, assim a menina pensara.
Laura; a doce menina de 15 anos, perdidamente apaixonada por ele, seu professor maduro, experiente e inesquecivelmente censurado. A menina nunca fora tão feliz como estava sendo a partir daquele momento.A partir do dia em que ela e o homem, perdidamente apaixonados ultrapassavam a linha tênue entre o limite e a inconsciência moral. Esse amor nunca poderia ser possível. Essa paixão nunca deveria existir. Essa loucura nunca poderia ter sido projetada em sua cabeça. Mas ela era assim. Eles eram assim, e não planejavam mudar de maneira alguma.
Se a felicidade pode ser encontrada em um pote de cereja, por que não descobri-la em um amor platônico?
Pra eles, nada daquilo era errado, mas á sociedade nada lhes parecia correto.
Afugentada aos braços de um homem bem mais velho, com seus trinta e poucos anos, amparando suas feridas adolescentes e recém descobertas de uma plena juventude inocente.
Laura agora era feliz.
Para ele, a melhor hora do dia era quando olhava para seus olhos ainda infantis, transpassando a inocência e a beleza original em formato doce de menina. Para aquele homem errado,a melhor hora do dia era quando tinha a companhia daquela criança. Uma criança aos olhos do mundo. A melhor hora do dia para ele, era quando surgia aquele som, suave como seda da boca de Laura ao tocar seus lábios.
Era quando comia o chocolate, e sobravam vestígios do doce no canto do lábio superior da jovem.
Era quando ela sorria.
Jorge era feliz.
Apesar do descredor da sociedade quanto a tal relacionamento, apesar de serem condenados sempre que vistos, apesar de ela ser uma criança e ele um homem, não conseguiam se ver longe um do outro.
Jorge e Laura se amavam, indescritivelmente e além de qualquer perspectiva ou razão que qualquer um pudesse explicar.
Apenas se amavam.

Perdida na neutralidade

Estou boiando. No português culto, diria nêutra a qualquer tipo de sociabilidade educacional. Estou no meio da aula de português, com meus fones de ouvido, escutando uma música que não faço a mínima idéia do nome, mas que no momento me proporciona uma certa inspiração, eu diria. Não digo nada. Não vejo nada. Apenas sinto. Sinto tudo ao meu redor. Queria sumir. Pra um lugar melhor, talvez. Longe de tudo isso, todo esse lixo construído por um bando de babacas que se dizem saber mais do que eu. IOs babacas desse sistema.
 Dos que me roubam, e esperam que eu me cale. Dos que acabam com a minha vida, e esperam que continue calada. Cambada de merda, governo de merda, sociedade de merda!
Se conseguisse enxergar o mundo com os olhos do poeta.... Se eu ao menos conseguisse transformar tudo o que vejo ao voltar pra casa na arte das palavras... Se todos pudessem... Mas não dá. Não podem. Ninguém liga pra besteiras do cotidiano. E depois pedem um mundo melhor.

Vida...



Criei uma imensa gratidão pela vida.
A vida que nos segue;
A vida que nos ama;
A vida suja, que as vezes me abandona.

A vida ingrata, que as vezes me ignora;
A vida mal interpretada pela criança que chora.
A vida que se sobrepõe a tudo o que acreditamos ser.

A vida que não faz sentido, aquela que eu gostaria de ter.
A vida difícil que te sacaneia;
A vida inconsequênte que te surpreende;

A vida que vivo, sem nada saber;
A vida que conto, por nada viver.

Dei muito valor a nada, e de nada fui feliz;
Penso em tudo que posso ser, tudo que um dia já quiz.

Talvez sonhos, que se misturem a realidade;
Mas de nada adianta, se o amor virou banalidade.

Se penso, logo existo.
Se existo, logo crio.
Se crio, logo vivo.

E se vivo?
Será que vivo?

Nem comecei a viver, e já temo o saber sobre a vida.
Só sei que para entendê-la, de muito precisaria viver;
Mas para vivê-la, é insignificante precisar entendê-la.  

Onde o mundo está parando?

Violência e crimes viraram parte do dia-a-dia. A burrice também parece que entrou na lista, principalmente de nós brasileiros. Todos os dias fechamos os olhos para as piores, porém mais nítidas realidades da nossa sociedade, seja em um pequeno gesto como jogar uma lata de refrigerante na rua, uma pessoa precisando de um lugar no ônibus, ou algum tipo de falta de respeito. A realidade? Sabe a mais pura realidade que nos persegue todo o dia? Acho que somos todos hipócritas.
 Hipócritas por fingir que não conhecemos o país em que vivemos. Por preferir sofrer e chorar a dor do agora, quando poderíamos ter feito alguma coisa no passado. Eu sou hipócrita por apenas transformar em palavras esse sentimento de culpa. Sou hipócrita por estar aqui agora, debaixo de um teto, em um sofá confortável, tendo  praticamente o que quiser, na hora que quiser, enquanto muitos lutam pela sobrevivência em lixões, procurando algo comestível. Não digno, pois a dignidade nessas horas poderia ser considerada um luxo. Eu aqui, você aí.
Me sinto hipócrita por pensar dessa forma, escrever dessa forma, e ainda ser capaz de no final do ano implorar a minha mãe que me compre um celular da moda. Esse é o mundo no qual vivemos. Esse é o país no qual vivemos. Um querendo ser melhor que o outro. Esse é o capitalismo em que vivemos. O pior é que não conseguimos deixar a hipocrisia de lado. Não pode deixar de mentir pra si mesmo, achando que o lugar em que vivemos pode continuar da mesma maneira. Não pode reclamar da vida, do governo, da economia, da violência, da hipocrisia dos outros, da burrice e da estupidez de alguns, se não fizer alguma coisa. Mas pode fazer a diferença. Pode até parecer clichê, mas não podemos esquecer dos problemas dos outros e tentar escrever um simples texto sem muita utilidade. Você pode ser só mais um hipócrita nesse mundo desenfreado.