segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Manhã de segunda.
Outro dia fiz uma coisa que há muito não experimentava. Virar a noite lendo, ouvindo rock, me olhando no espelho e reparando em cada centímetro do meu rosto.
Lembrei de quando eu era pequena e fazia isso. Ia pro banheiro pra ficar me olhando. Ainda hoje sou capaz de me lembrar de algumas das inúmeras coisas que passavam pela minha cabeça infantil, como por exemplo o fato de ser tão linda. Eu era uma criança meio narcisista, ou não. Talvez só me achasse bonita, que mal há nisso?
O fato é que hoje me peguei fazendo isso, e que diferença! Antes fosse fisicamente falando, mas era interno. As perguntas que eu me faço com dezesseis já não são as mesmas de dez anos atrás, e claro, isso causa impacto. Quando você percebe não é invencível, que vai ficar velho como os outros e que o tempo passa, e nem sempre cura as lembranças dolorosas da vida.
Seis da manhã. Abri a janela e deixei o ar gelado da manhã de segunda-feira me abraçar a alma e saudar-me com um "Bom dia. Vem!"
Pensei em como a árvore do vizinho tomava um aspecto maior sob o sol preguiçoso que como eu, buscava coragem pra acordar. Mas eu nem sequer tinha dormido!
Peguei meu diário dos quinze anos e me emocionei ao ler a passagem da minha vida e como meu pai continua presente em praticamente todos os momentos dessa minha existência.
Era tão cedo que pra mim, o cedo foi se tornando tarde. A saudade que aperta todo dia no meu peito jovem, resistia em continuar como um muro de pedra.
Os pássaros já davam seu sinal de vida, os velhos na calçada liam seus jornais conversando sobre o que havia de ser dito.
Eu, já com sono, só fiz me deitar. Fechei os olhos pro dia, esperando um novo amanhecer.
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
Se te amo?
- Me dá uma lembrança, a mais pura que seja. A primeira que te vier à cabeça, vai!
Era outono. Setembro de oitenta e quatro.
Lembro-me até hoje das inúmeras folhas espalhadas pelo chão, seu cheiro no meu vestido. Você se deitava em meu colo e eu lhe fazia cafuné enrolando os cachinhos do cabelo. Tão doce, tão calmo.
Quando poderíamos imaginar, hãn?
Você com aqueles olhos castanhos brilhantes, cheios de sonhos e ambições. Planos pro nosso futuro, pro seu futuro.
Tudo em você era perfeito, e a minha perfeição era me encontrar nos teus segredos, tão obscuros e inquietos nesse peito frágil.
A gente sempre se amou, se apaixonou, se viveu não é? Sempre um cuidando do outro, defendendo quando esse precisava. Você me carregava nas costas quando chovia, pegava na minha mão sem hesito quando eu sentia medo. Me ensinou a dançar, me entendeu, me decifrou e depois sumiu.
E agora, amor? O que aconteceu com nós dois?
Te esperei, juro que esperei! Fiquei plantada durante vinte anos esperando que aquele bobo que se camuflava de pegador das menininhas do colégio me ligasse desesperadamente com voz de quem precisa reencontrar a amiga pra relembrar os velhos tempos, mas nem isso.
E o nosso trato? Se com trinta ambos ainda estivessem solteiros, no casaríamos, mesmo sem amor. Pelo menos a gente ia rir e fazer sexo, coisa que a maioria não faz.
Aí você me aparece hoje, completamente molhado, descabelado, sujo, aos prantos e pedindo que te diga se sinto sua falta? Se te amo?
Depois de todo esse tempo sim, eu ainda sinto a sua falta. Depois do meu casamento mal sucedido, meus filhos formados, minha carreira no topo e meu garotão de vinte e poucos na minha cama todas as noites… Sim, eu ainda sinto a sua falta.
Se te amo? Desde o momento em que te vi pela primeira vez com aquele cabelo ridículo arrepiado e um brinco super cafona na orelha esquerda, mas acabou.
Eu sempre te olhei diferente, te encarei e dancei com você. Sempre nos emaranhávamos em ideias exclusivas de nossa imaginação. Mas aí você partiu, e eu fiquei sozinha. Sendo obrigada a enfrentar a pressão de crescer independente, chorando por aqueles que me feriram, sorrindo conforme a vida me sorria, vivendo sem a tua presença.
Depois de tanto tempo te esperando, acabou.
Mulheres nasceram pra gostar de caras como você, querido. Bonitos, inteligentes, bons de cama e que sumam durante um bom tempo as fazendo sofrer por metade do que elas já viveram.
Se te amo não importa. Você se tornou mais um desses que não dão valor a garota certa, e agora eu estou bem.
Bem assim, sem você.
Era outono. Setembro de oitenta e quatro.
Lembro-me até hoje das inúmeras folhas espalhadas pelo chão, seu cheiro no meu vestido. Você se deitava em meu colo e eu lhe fazia cafuné enrolando os cachinhos do cabelo. Tão doce, tão calmo.
Quando poderíamos imaginar, hãn?
Você com aqueles olhos castanhos brilhantes, cheios de sonhos e ambições. Planos pro nosso futuro, pro seu futuro.
Tudo em você era perfeito, e a minha perfeição era me encontrar nos teus segredos, tão obscuros e inquietos nesse peito frágil.
A gente sempre se amou, se apaixonou, se viveu não é? Sempre um cuidando do outro, defendendo quando esse precisava. Você me carregava nas costas quando chovia, pegava na minha mão sem hesito quando eu sentia medo. Me ensinou a dançar, me entendeu, me decifrou e depois sumiu.
E agora, amor? O que aconteceu com nós dois?
Te esperei, juro que esperei! Fiquei plantada durante vinte anos esperando que aquele bobo que se camuflava de pegador das menininhas do colégio me ligasse desesperadamente com voz de quem precisa reencontrar a amiga pra relembrar os velhos tempos, mas nem isso.
E o nosso trato? Se com trinta ambos ainda estivessem solteiros, no casaríamos, mesmo sem amor. Pelo menos a gente ia rir e fazer sexo, coisa que a maioria não faz.
Aí você me aparece hoje, completamente molhado, descabelado, sujo, aos prantos e pedindo que te diga se sinto sua falta? Se te amo?
Depois de todo esse tempo sim, eu ainda sinto a sua falta. Depois do meu casamento mal sucedido, meus filhos formados, minha carreira no topo e meu garotão de vinte e poucos na minha cama todas as noites… Sim, eu ainda sinto a sua falta.
Se te amo? Desde o momento em que te vi pela primeira vez com aquele cabelo ridículo arrepiado e um brinco super cafona na orelha esquerda, mas acabou.
Eu sempre te olhei diferente, te encarei e dancei com você. Sempre nos emaranhávamos em ideias exclusivas de nossa imaginação. Mas aí você partiu, e eu fiquei sozinha. Sendo obrigada a enfrentar a pressão de crescer independente, chorando por aqueles que me feriram, sorrindo conforme a vida me sorria, vivendo sem a tua presença.
Depois de tanto tempo te esperando, acabou.
Mulheres nasceram pra gostar de caras como você, querido. Bonitos, inteligentes, bons de cama e que sumam durante um bom tempo as fazendo sofrer por metade do que elas já viveram.
Se te amo não importa. Você se tornou mais um desses que não dão valor a garota certa, e agora eu estou bem.
Bem assim, sem você.
A primeira vez - Tati Bernardi
Você sempre me disse que sua maior mágoa era eu nunca ter escrito um texto sobre você. Nem que fosse te xingando, te expondo. Qualquer coisa.
Você sempre foi o único homem que me amou. E eu nunca te escrevi nem uma frase num papelzinho amassado.
Você sempre foi o único amigo que entendeu essa minha vontade de abraçar o mundo quando chega a madrugada. E o único que sempre entendeu também, depois, eu dormir meio chorando porque é impossível abraçar sequer alguém, o que dirá o mundo.
Outro dia eu encontrei um diário meu, de 99, e lá estava escrito “hoje eu larguei meu namorado sentado e dancei com ele no baile de formatura”. Ele, no caso, é você. Dei risada e lembrei que em todos esses anos, mesmo eu nunca tendo escrito nenhum texto para você, eu por diversas vezes larguei vários namorados meus, sentados, e dancei com você. Porque você é meu melhor companheiro de dança, mesmo sendo tímido e desajeitado.
Depois encontrei uma foto em que você está com um daqueles óculos escuros espelhados de maconheiro. E eu de calça colorida daquelas “bailarina”. E nessa época você não gostava de mim porque eu era a bobinha da classe. Mas eu gostava de você porque você tinha pintas e eu achava isso super sexy. E eu me achei ridícula na foto mas senti uma coisa linda por dentro do peito.
Aí lembrei que alguns anos depois, quando eu já não era mais a bobinha da classe e sim uma estagiária metida a esperta que só namorava figurões (uns babacas na verdade), você viu algum charme nisso e me roubou um beijo. Fingindo que ia desmaiar. Foi ridículo. Mas foi menos ridículo do que aquela vez, ainda na faculdade, que eu invadi seu carro e te agarrei a força. Você saiu cantando pneu e ficou quase dois anos sem falar comigo.
Eu não sei porque exatamente você não mereceu um texto meu, quando me deu meu primeiro cd do Vinícius de Morais. Ou quando me deu aquele com historinhas de crianças para eu dormir feliz. Ou mesmo quando, já de saco cheio de eu ficar com você e com mais metade da cidade, você me deu aquele cartão postal da Amazônia com um tigre enrabando uma onça.
Também não sei porque eu não escrevi um texto quando você apareceu naquela festa brega, me viu dançando no canto da mesa, e me disse a frase mais linda que eu já ouvi na minha vida “eu sei que você não gosta de mim, mas deixa eu te olhar mesmo assim”.
Talvez eu devesse ter escrito um texto para você, quando eu te pedi a única coisa que não se pede a alguém que ama a gente “me faz companhia enquanto meu namorado está viajando?”. E você fez. E você me olhava de canto de olho, se perguntando porque raios fazia isso com você mesmo. Talvez porque mesmo sabendo que eu não amava você, você continuava querendo apenas me olhar. E eu me nutria disso. Me aproveitava. Sugava seu amor para sobreviver um pouco em meio a falta de amor que eu recebia de todas as outras pessoas que diziam estar comigo.
Depois você começou a namorar uma menina e deixou, finalmente, de gostar de mim. E eu podia ter escrito um texto para você. Claro que eu senti ciúmes e senti uma falta absurda de você. Mas ainda assim, eu deixei passar em branco. Nenhuma linha sequer sobre isso.
Depois eu também podia ter escrito sobre aquele dia que você me xingou até desopilar todos os cantos do seu fígado. Eu fiquei numa tristeza sem fim. Depois pensei que a gente só odeia quem a gente ama. E fiquei feliz. Pode me xingar quanto você quiser desde que isso signifique que você ainda gosta um pouquinho de mim.
Minhas piadas, meu jeito de falar, até meu jeito de dançar ou de andar. Tudo é você. Minha personalidade é você. Quando eu berro Strokes no carro ou quando eu faço uma amiga feliz com alguma ironia barata. Tudo é você. Quando eu coloco um brinco pequeno ao invés de um grande. Ou quando eu fico em casa feliz com as minhas coisinhas. Tudo é você. Eu sou mais você do que fui qualquer homem que passou pela minha vida. E eu sempre amei infinitamente mais a sua companhia do que qualquer companhia do mundo, mesmo eu nunca tendo demonstrado isso. E, ainda assim, nunca, nunquinha, eu escrevi sequer uma palavra sobre você.
Até hoje. Até essa manhã. Em que você, pela primeira vez, foi embora sem sentir nenhuma pena nisso. Foi a primeira vez, em todos esse anos, que você simplesmente foi embora. Como se eu fosse só mais uma coisa da sua vida cheia de coisas que não são ela. E que você usa para não sentir dor ou saudade. Foi a primeira vez que você deixou eu te olhar, mesmo você não gostando de mim.
E foi por isso, porque você deixou de ser o menino que me amava e passou a ser só mais um que me usa, que você, assim como todos os outros, mereceu um texto meu.
Você sempre foi o único homem que me amou. E eu nunca te escrevi nem uma frase num papelzinho amassado.
Você sempre foi o único amigo que entendeu essa minha vontade de abraçar o mundo quando chega a madrugada. E o único que sempre entendeu também, depois, eu dormir meio chorando porque é impossível abraçar sequer alguém, o que dirá o mundo.
Outro dia eu encontrei um diário meu, de 99, e lá estava escrito “hoje eu larguei meu namorado sentado e dancei com ele no baile de formatura”. Ele, no caso, é você. Dei risada e lembrei que em todos esses anos, mesmo eu nunca tendo escrito nenhum texto para você, eu por diversas vezes larguei vários namorados meus, sentados, e dancei com você. Porque você é meu melhor companheiro de dança, mesmo sendo tímido e desajeitado.
Depois encontrei uma foto em que você está com um daqueles óculos escuros espelhados de maconheiro. E eu de calça colorida daquelas “bailarina”. E nessa época você não gostava de mim porque eu era a bobinha da classe. Mas eu gostava de você porque você tinha pintas e eu achava isso super sexy. E eu me achei ridícula na foto mas senti uma coisa linda por dentro do peito.
Aí lembrei que alguns anos depois, quando eu já não era mais a bobinha da classe e sim uma estagiária metida a esperta que só namorava figurões (uns babacas na verdade), você viu algum charme nisso e me roubou um beijo. Fingindo que ia desmaiar. Foi ridículo. Mas foi menos ridículo do que aquela vez, ainda na faculdade, que eu invadi seu carro e te agarrei a força. Você saiu cantando pneu e ficou quase dois anos sem falar comigo.
Eu não sei porque exatamente você não mereceu um texto meu, quando me deu meu primeiro cd do Vinícius de Morais. Ou quando me deu aquele com historinhas de crianças para eu dormir feliz. Ou mesmo quando, já de saco cheio de eu ficar com você e com mais metade da cidade, você me deu aquele cartão postal da Amazônia com um tigre enrabando uma onça.
Também não sei porque eu não escrevi um texto quando você apareceu naquela festa brega, me viu dançando no canto da mesa, e me disse a frase mais linda que eu já ouvi na minha vida “eu sei que você não gosta de mim, mas deixa eu te olhar mesmo assim”.
Talvez eu devesse ter escrito um texto para você, quando eu te pedi a única coisa que não se pede a alguém que ama a gente “me faz companhia enquanto meu namorado está viajando?”. E você fez. E você me olhava de canto de olho, se perguntando porque raios fazia isso com você mesmo. Talvez porque mesmo sabendo que eu não amava você, você continuava querendo apenas me olhar. E eu me nutria disso. Me aproveitava. Sugava seu amor para sobreviver um pouco em meio a falta de amor que eu recebia de todas as outras pessoas que diziam estar comigo.
Depois você começou a namorar uma menina e deixou, finalmente, de gostar de mim. E eu podia ter escrito um texto para você. Claro que eu senti ciúmes e senti uma falta absurda de você. Mas ainda assim, eu deixei passar em branco. Nenhuma linha sequer sobre isso.
Depois eu também podia ter escrito sobre aquele dia que você me xingou até desopilar todos os cantos do seu fígado. Eu fiquei numa tristeza sem fim. Depois pensei que a gente só odeia quem a gente ama. E fiquei feliz. Pode me xingar quanto você quiser desde que isso signifique que você ainda gosta um pouquinho de mim.
Minhas piadas, meu jeito de falar, até meu jeito de dançar ou de andar. Tudo é você. Minha personalidade é você. Quando eu berro Strokes no carro ou quando eu faço uma amiga feliz com alguma ironia barata. Tudo é você. Quando eu coloco um brinco pequeno ao invés de um grande. Ou quando eu fico em casa feliz com as minhas coisinhas. Tudo é você. Eu sou mais você do que fui qualquer homem que passou pela minha vida. E eu sempre amei infinitamente mais a sua companhia do que qualquer companhia do mundo, mesmo eu nunca tendo demonstrado isso. E, ainda assim, nunca, nunquinha, eu escrevi sequer uma palavra sobre você.
Até hoje. Até essa manhã. Em que você, pela primeira vez, foi embora sem sentir nenhuma pena nisso. Foi a primeira vez, em todos esse anos, que você simplesmente foi embora. Como se eu fosse só mais uma coisa da sua vida cheia de coisas que não são ela. E que você usa para não sentir dor ou saudade. Foi a primeira vez que você deixou eu te olhar, mesmo você não gostando de mim.
E foi por isso, porque você deixou de ser o menino que me amava e passou a ser só mais um que me usa, que você, assim como todos os outros, mereceu um texto meu.
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Esfriou, entende?
Procurando no meio de todos, um alguém parecido com você. Tentando achar neles, o que tive e desfrutei em você.
É difícil, porque a maioria são completamente idiotas, impossibilitando as tentativas de conversa e criando tempo de sobra pro sexo. E com ele é bom, até demais. Transamos o dia inteiro, sem amor ou paixão. Só por transar, porque é bom. Faz parte da vida, assim como a morte.
É tão paradoxal uma atividade tão quente como o sexo, não criar nada mais além de frio e amargura dentro de mim. Era pra ser amor, não era? Make love with your wife, make love with your girfriend! Não trepe com qualquer um que você acabou de conhecer num bar, levou pra casa, tirou a roupa e se esqueceu de quem você ama por uma noite.
Você é tão forte, sexy, inteligente. Sabe do que eu gosto, minha cor preferida, meus filmes e meus medos. Estuda sociologia, rabisca poemas, usa óculos e toma café demais. Ri comigo, chora comigo, me abraça, me beija e me ama. Me ama mesmo? Então, por que?
Eles são só uma casca bonita, que não fui capaz de encontrar algo produtivo por dentro. Provavelmente outra encontrará. Uma mais bonita, mais gostosa e mais fútil.
Mas essa não é a questão. Só queria entender o porque disso tudo, como o porque do medo constante em falar da morte ou de se molhar com uma chuva.
Você é minha chuva, daquelas que a gente se molha até voltar com a roupa completamente encharcada. Me doei pra você como num temporal, submersa pelas gotas geladas que caiam do céu mau humorado, e ao invés de você dançar comigo, sorrindo e cantando, apenas me deu um guarda-chuva.
Esfriou, entende?
Amor que é amor não esfria, não perde a graça. Não chegou nem a ser paixão, ou desilusão.
Foi especial. “Fogo de palha”.
É difícil, porque a maioria são completamente idiotas, impossibilitando as tentativas de conversa e criando tempo de sobra pro sexo. E com ele é bom, até demais. Transamos o dia inteiro, sem amor ou paixão. Só por transar, porque é bom. Faz parte da vida, assim como a morte.
É tão paradoxal uma atividade tão quente como o sexo, não criar nada mais além de frio e amargura dentro de mim. Era pra ser amor, não era? Make love with your wife, make love with your girfriend! Não trepe com qualquer um que você acabou de conhecer num bar, levou pra casa, tirou a roupa e se esqueceu de quem você ama por uma noite.
Você é tão forte, sexy, inteligente. Sabe do que eu gosto, minha cor preferida, meus filmes e meus medos. Estuda sociologia, rabisca poemas, usa óculos e toma café demais. Ri comigo, chora comigo, me abraça, me beija e me ama. Me ama mesmo? Então, por que?
Eles são só uma casca bonita, que não fui capaz de encontrar algo produtivo por dentro. Provavelmente outra encontrará. Uma mais bonita, mais gostosa e mais fútil.
Mas essa não é a questão. Só queria entender o porque disso tudo, como o porque do medo constante em falar da morte ou de se molhar com uma chuva.
Você é minha chuva, daquelas que a gente se molha até voltar com a roupa completamente encharcada. Me doei pra você como num temporal, submersa pelas gotas geladas que caiam do céu mau humorado, e ao invés de você dançar comigo, sorrindo e cantando, apenas me deu um guarda-chuva.
Esfriou, entende?
Amor que é amor não esfria, não perde a graça. Não chegou nem a ser paixão, ou desilusão.
Foi especial. “Fogo de palha”.
sábado, 14 de janeiro de 2012
Carta pra Chico
Querido Chico,
Cadê você?
Me fiz essa pergunta por alguns dias, com um certo medo já se instalando dentro de mim. Medo de algo impossível, que só o espírito santo seria capaz.
Ontem passei a tarde aqui mesmo. Almocei no sofá da sala, do lado do barzinho que acolhe as cervejas alemãs mais velhas do planeta. Comida espetacular, da minha mãe, óbvio. Fui com a Maria, o Tom, a Luiza, o Marcelo e o João. Passamos uma hora e meia discutindo sobre um determinado tema meio polêmico pra algumas famílias, mas eles não me ouviam.
Chico, vou direto ao assunto. Você deve estar se perguntando sobre o motivo dessa correspondência, e vou lhe dizer.
Por que? Por que gosta tanto de me deixar pra baixo, odiando toda e qualquer forma de vida existente no planeta por uma semana? Por que me deixa gorda, me traz espinhas, dores insuportáveis, atiça meu lado serial killer para atacar a barra de chocolate? E o mais importante, querido amigo... Por que vem me visitar quando o tempo está ensolarado, todos na praia rindo felizes, indo para clubes com piscinas, casa de amigos, churrascos, meninas de biquínis?
Entrei numa de fazer balanço da vida. Começou quando percebi que te conheço há cinco anos. Há cinco exatos anos descobri que ser mulher é uma merda, putaqueopariu.
E o que eu fiz com esses cinco anos? O que fizemos? É muito tempo, é nada. Nos últimos tempos tive a sorte fazer novos amigos, novos amores mal sucedidos, por que faz parte, né? Permaneci em Angra. Daqui pro Rio, e olhe lá.
Lembra das primeiras vezes que você veio, como eu fiquei? Queria morrer de tão feio que era, desculpe a sinceridade. Era simplesmente horrível passar algumas horas com você, tentando aprender como lidar com esse seu humor complicado.
Estou com dezesseis, á um mês de completar dezessete. Começo a entrar numa etapa da vida em que você não é o maior dos meus problemas, e sim um alívio.
Queria te pedir desculpas por ter falado assim e não te dar o valor que merece. Fiquei meio com raiva, mas agora você está aqui. Poderia ter chegado em outra época, férias em Angra nem são tão animadas.
Já estava com saudade,
LM
Leia o texto de JP Cuenca para entender minha sátira ridícula(rs).
http://blogdoims.uol.com.br/ims/john-marcher-ao-avesso-por-joao-paulo-cuenca/
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
Jornalismo: Loucura?
O que tem de tão especial nessa profissão que me tira o ar por alguns breves segundos?
A capacidade e o poder concedido por alguém a um ser humano de levar informação a um grupo extenso de outras pessoas, se caracteriza por um dos mais belos trabalhos do mundo.
Se uma vida se vai, a história é contada. Se uma vida vem ao mundo, é mostrada a todos de forma que esses permaneçam cientes de que há um novo ser na Terra. Há coisa mais brilhante do que contar uma história, seja ela qual for?
o jornalismo honesto pode mudar um país levando o saber e em certos casos o desejo de informar.
Tive a oportunidade de conversar com uma grande jornalista que admiro muito e tenho um carinho enorme, e depois desse dia pude entender que a profissão não é o mar de rosas que sempre imaginei, e que mesmo com trabalho árduo e horas a fio estudando a fim de me tornar a melhor jornalista do mundo, o tombo pode ser feio. Mas que tudo isso vale a pena, quando você opta por aquilo que lhe faz bem.
Infelizmente o ramo da informação é uma área muito restrita e disputada, o que significa que eu posso me tornar a aluna número um da faculdade mas quando me formar, seguir desempregada por um bom tempo.
Foi mais um tapa na cara para que eu acordasse do sonho e visse que a vida não é um conto de fadas, mas posso afirmar que tudo o que aprendi só atiçou a minha vontade de chegar no topo e fazer a diferença.
Querer ser jornalista não pelo suposto glamour, fama ou dinheiro. Querer ser jornalista pelo prazer de escrever, conversar, conhecer gente nova e diferente, comunicar, ter coragem em assumir riscos e acima de tudo ter amor pelo que me comprometi a fazer.
Passar feriados e finais de semana na redação do jornal, respeitar o sigilo de uma fonte mesmo se o rumo de sua vida estiver em jogo, ir para as ruas em busca de notícia, viver tomando café em meio ao stress caótico do dia-a-dia, ter coragem para enfrentar o que vier pela frente. Tudo isso é o que eu mais quero nesse momento da minha vida e você provavelmente deve me achar louca.
Não, eu não vou fazer um curso técnico porque "é o que está dando dinheiro no momento". Não quero me tornar mais um desses que vivem longe da família em pró de comprar um carro melhor.
As pessoas vão te dizer que você não pode fazer algo, ou que seria mais fácil se fosse por outro caminho. Eu digo que a partir do momento em que você aceita o desafio, não deve largar o osso até estar certo de que chegou aonde queria.
Quando seu coração saltar do peito em ritmo histérico, sua barriga presenciar um friozinho mágico e suas mãos tremerem de nervoso por alguma atividade, será o momento em que a sua profissão terá te escolhido.
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
Sixteen
Quem sou eu?
Adolescência, tempos difíceis... Não sei o que sinto e quando penso que sei, esqueci. Coisa de gente nova essa memória fraca. Coisa de gente que vive em frente a uma tela de computador interagindo com mais um bando de gente nova que mora longe.
Essa loucura de ser jovem é estranha porque ao mesmo tempo que se quer conquistar o mundo e ambições próprias, deseja-se parar no tempo e continuar vivendo o primeiro beijo com ele.
Dezesseis para dezessete. Posso dizer que fui feliz nos meus dezesseis anos, que sorri mais do que deveria ou chorei o tanto que não podia. Conheci pessoas novas, incrivelmente sedutoras pelo simples fato de serem quem são, e não tentarem ser mais que isso. Uma amiga, gente nova que mora longe, infelizmente. Uma mulher forte, talentosa e feliz. Duas pessoas de idades diferentes, fisionomias incompatíveis mas que me trouxeram o entendimento do quão importante e próximo é a realização de um sonho.
Conheci a arte de cantar sem me importar. De me jogar no mar de oportunidades sem sentir medo. Aprendi a não planejar mas bolar planos escabrosos pra alcançar o que eu quero. Dar valor a respiração, porque a gente nunca faz isso? É como nas situações de desespero amoroso. Enquanto tudo vai bem não nos preocupamos, mas quando a bomba estoura nos sentimos ofegantes na tentativa de curar a ferida do pulmão.
Venho tentando desvendar esses mistérios que vivem escondidos atrás das obras de arte como o porque de eu chorar com uma simples nota de um violino ou ir aos prantos com a guitarra do John Mayer. Por que durmo durante as explicações sobre economia, me amarro nos clássicos do cinema e me identifico tanto com a Tati Bernardi se ainda sou menor de idade?
A resposta disso esta em quem eu sou, e quem eu quero ser é só o começo de um novo texto.
Adolescência, tempos difíceis... Não sei o que sinto e quando penso que sei, esqueci. Coisa de gente nova essa memória fraca. Coisa de gente que vive em frente a uma tela de computador interagindo com mais um bando de gente nova que mora longe.
Essa loucura de ser jovem é estranha porque ao mesmo tempo que se quer conquistar o mundo e ambições próprias, deseja-se parar no tempo e continuar vivendo o primeiro beijo com ele.
Dezesseis para dezessete. Posso dizer que fui feliz nos meus dezesseis anos, que sorri mais do que deveria ou chorei o tanto que não podia. Conheci pessoas novas, incrivelmente sedutoras pelo simples fato de serem quem são, e não tentarem ser mais que isso. Uma amiga, gente nova que mora longe, infelizmente. Uma mulher forte, talentosa e feliz. Duas pessoas de idades diferentes, fisionomias incompatíveis mas que me trouxeram o entendimento do quão importante e próximo é a realização de um sonho.
Conheci a arte de cantar sem me importar. De me jogar no mar de oportunidades sem sentir medo. Aprendi a não planejar mas bolar planos escabrosos pra alcançar o que eu quero. Dar valor a respiração, porque a gente nunca faz isso? É como nas situações de desespero amoroso. Enquanto tudo vai bem não nos preocupamos, mas quando a bomba estoura nos sentimos ofegantes na tentativa de curar a ferida do pulmão.
Venho tentando desvendar esses mistérios que vivem escondidos atrás das obras de arte como o porque de eu chorar com uma simples nota de um violino ou ir aos prantos com a guitarra do John Mayer. Por que durmo durante as explicações sobre economia, me amarro nos clássicos do cinema e me identifico tanto com a Tati Bernardi se ainda sou menor de idade?
A resposta disso esta em quem eu sou, e quem eu quero ser é só o começo de um novo texto.
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