sábado, 13 de novembro de 2010

Um dia no meio da guerra

"Fechei os meus olhos.
O dia já escureceu…a passagem de mais uma bomba deixou um rasto de pó cinzento…fez-me espirrar…fez-me berrar. Já sei que quando ela cair muita gente vai matar.
Não quero ter os olhos abertos, não quero ver quem amo desaparecer, não quero ver sangue a escorrer, não quero ver o meu povo a sofrer. 
Porque estou aqui metido? Não sei o que fazer, provavelmente não sei quantos mais minutos irei viver. 
Não sei o que é sorrir, correr no parque, ver o sol a nascer, nem tão pouco aprender a ler. Sou apenas um obstáculo a abater. 
Alguém que de forma inglória vai morrer. Porque não me deixam viver?

Só se ouvem disparos, a morte a sobrevoar disfarçada em pedaços de pólvora…em balas…
… Que um dia vão-me levar, que um dia vão calar-me, que um dia vão-me apagar os meus sonhos…a minha vida… 

Por isso…fechei os meus olhos… não quero ver a morte chegar…"

(João Filipe Ferreira)


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