domingo, 29 de abril de 2012

Fernanda

Acordou e olhou o relógio: 3:15 da manhã! Onde estava o corpo molhado, quente e interplanetário que dormira com ele depois do barzinho?
Inverno de 2008. João nunca acreditou que um dia encontraria a mulher perfeita: Cabelos escuros, olhos castanhos, pele clara e camisa de sua banda preferida, "Ramones". Fernanda era quem sempre idealizou, do tipo que fugia dos padrões de menininhas de 23 anos. A encontrara enquanto andava pela Lapa, numa tarde de céu aparentemente mau-humorado.
- Me empresta o celular?- Ela perguntou assim, sem nem conhecê-lo.
- Hein?
- O celular! Me empresta? - A cara era de desespero. Resolveu emprestar, afinal, estava na Lapa...
Tentou ouvir resquícios da conversa da moça, e só conseguia entender os palavrões.
- Filho da puta, desgraçado! Eu sei que você ainda me ama! Não pode me expulsar de casa, é o MEU apartamento!...
- Moça?
-... E o Spot fica comigo! Eu o comprei naquela loja, e ele é MEU por direito!
- Desculpa interromper, mas...
- Vou buscar minhas coisas hoje mesmo, seu babaca! - E desligou na cara de quem estava na linha.
- Valeu aí, toma teu telefone. - Entregou meio debochando do aparelho, com um cigarro na boca e o batom meio borrado. O fitou por 4 segundos, e saiu andando.
- Espera! Qual é o seu nome?
Ela virou o olhando de cima em baixo, e lançou: "Fernanda." Foi o que bastou para João permanecer embasbacado por alguns longos minutos, enquanto a figura feminina ia desaparecendo pela rua.
No dia seguinte resolveu aparecer no mesmo local, a fim de encontrar a garota perto do orelhão. Não encontrou. Resolveu sentar num barzinho de esquina e pediu uma tequila, enquanto esperava pelos amigos. Duas horas após a bebedeira, percebe alguém diferente entrando no barzinho. A menina debruçada ao balcão, pede uma bebida barata, com o mesmo cigarro na boca, mas uma camisa diferente. Agora é "Nirvana".
João levanta da mesa em direção ao balcão.
- Oi!- Diz todo sorridente, esperando ser retribuído.
- E ai?!- Ela o trata como se nunca o tivesse visto na vida.
- Você me pediu o celular emprestado ontem a tarde, aqui na praça. Não se lembra? Em frente ao orelhão.
- Ah sim, claro. Cê tá bem?
E a conversa desenrola até o final da noite. Dois jovens bêbados, enterrados em suas próprias ambiguidades.
- Quer dar um pulo no meu apartamento? Fica perto daqui.- Ele pergunta sem graça, não costumava fazer isso com frequência, mas era Fernanda. A garota mais louca que já tinha aparecido em sua vida.
- Claro, bora lá!
Quarto, sala, cozinha e banheiro. Importante pra sobrevivência de um homem.
- Você não tem mulher não?
- Não. Minha namorada me deixou há um tempo, saiu com um pseudo-intelectualzinho de merda do curso de economia. E você?
- Não. Eduardo me trocou por uma peituda da academia.
Ele largou a bebida que oferecera a ela na mesa de centro, e resolve encontrá-la lentamente. Beijou o rosto, a boca, o seio, a barriga... Fernanda nada fez para impedir, e quando deu-se conta, já se entrelaçavam sobre a cama amarrotada que ele havia esquecido de arrumar mais cedo.
- Fica comigo, João?
- Fico se você ficar.
3:15 da manhã. Acordou, sem entender nada, e achar ninguém.
Fernanda havia ido embora.

4 comentários:

  1. o melhor de tudo foi q eu consegui ver os dois a cada minuto, por um acaso ela tem cabelo curto ? (rss)

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  2. Não. Tem cabelos longos, ondulados e bagunçados (:

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  3. Nô, juro que eu a vi de cabelos tipo nos ombros, e uma leve franja, kkkk'

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  4. Na minha cabeça ela é assim, mas a partir do momento em que posto aqui, o texto é de vocês! =)

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