quinta-feira, 24 de maio de 2012

Rio

Andar pela Ilha do Governador é o mesmo que andar sobre um planeta longínquo. O clima abafado do Rio faz mal à minha saúde, e o céu acinzentado da Ilha, prejudica a inspiração de qualquer um. Busco forças para escrever sobre esse lugar de modo que não ofenda ninguém, mas acabo por ofender minha própria conduta. Sou de Angra dos Reis, e me acostumar com o Rio de Janeiro não é fácil. Angra é litoral carioca, o que deixa as coisas mais intrigantes. Também falamos com o "X" carregado, mas nos falta a malandragem da gema ao garantir posição nas coisas.

Andar pela Ilha do Governador olhando cada resquício de lixo pelo chão. Andar pelo bairro do Cocotá fingindo desbravamento, como se estivesse sozinha num mochilão por uma Europa alienígena. A cada passo, procurar Seu Paulo da pastelaria do Centro de Angra e suas histórias sobre a guerra em Israel, Afonso da padaria da esquina, Seu Carlinhos com sua inseparável cadeira de praia lendo a manchete do dia na beira da rua. Olhar para a cara dos estranhos cariocas que fazem questão de ingnorar por completo minha existência, e imaginar o que cada um fará quando chegar em casa. Será que tem pai? Será que tem mulher?

Amanhã começo na nova escola. Colégio Tia Lavôr, antigo Operón, onde estudou meu irmão quando criança. Espero que eu não morra no caminho, tentando atravessar uma das avenidas movimentadas, não seja assaltada, ou não tome a kombi (ou combe, não escrever) errada, como fiz hoje. Espero que não tentem me decifrar. Espero que não eu não caia nos encantos da suja cidade maravilhosa.
Nunca prometa o que não pode cumprir.

2 comentários:

  1. Oi Luani. Deve ser horrível ser mudar mesmo, ainda mais de repente e parar uma cidade totalmente diferente. Bom te desejo toda a sorte do mundo e que você consiga se adaptar logo a Ilha do Governador e a sua nova escola. Quando quiser vir para Niterói é só chamar, rs! Beijos!!

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  2. Vai dar tudo certo pra voce!

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