segunda-feira, 9 de abril de 2012

"Mas todos acreditam no futuro da nação..."


Desde a semana passada, eu e alguns amigos criamos acidentalmente uma espécie de clube do debate político. Estudamos em um colégio Estadual de Angra dos Reis e como sempre há falta de professores, saímos cedo e nos sentamos em frente a escola para conversar. Acontece que criticamos, filosofamos, e nunca chegamos a uma conclusão dos pensamentos expostos. Então se você é professor de redação, e quiser uma solução pra esse texto, pode parando de ler. (Estou neurótica por causa do vestibular, vai passar.)

Não estou escrevendo para criticar o governo, mas a sociedade, primeiramente. Ao mesmo tempo que perco a fé no voto, acho que não podemos desistir. Mas esse é outro papo... A questão a ser explorada é: Como criamos jovens tão babacas ao longo das décadas? Seriam uma consequência da suposta "democracia" alcançada pelo país? Não vivi nos anos de ditadura do Brasil, mas pelo que leio, a juventude da época me parecia muito mais engajada em questões políticas. Iam pra rua sem medo, encaravam os policias, apanhavam e no outro dia lá estavam, prontos pra lutar novamente. Estou longe de me tornar patriota, mas abaixar a cabeça para porcos com cassetete também não é opção.

Será que falta repressão pra essa minha geração "colorida" acordar pra vida? Seu pai provavelmente foi pras ruas nos anos 80, pintou a cara e gritou "Fora Collor!". E você aí, caretinha de merda, postando foto com a "molecada" no facebook. Enquanto políticos como Sergio Cabral sambam na cara do povão, você não faz nada pra mudar. E quanto a arte? Onde estão aqueles mestres do humor, jornalismo e grandes autores da época ditatorial? Por que o humor do século XXI se baseia em racismo e desrespeito, enquanto há uma série de problemas a serem ironizados?

É profundamente broxante ver um adolescente alienado nos dias de hoje. Que comemora a falta do professor de português e se pergunta o porque da aula de sociologia. É insuportável ver alguns alunos de escola particular (eu disse alguns), achando que é fácil passar pra uma boa universidade estudando em escola pública. "Ah professora, mas quem é do particular se esforça muito mais." E as cotas para aluno de escola pública? Pra filho de bombeiro e policial que morreu em serviço? Hum, essa é polêmica...

São temas aparentemente esquecidos em sala de aula, afinal, o importante é passar o conteúdo, não é? O tal do Currículo mínimo. "Gente, estou passando a matéria do SAERJ, que aliás, esse ano vocês tem que fazer." Olha que interessante! Um exemplo antidemocrático dentro da própria escola! E foda-se o SAERJ! Você realmente acha que o ensino público vai mudar por causa de uma prova? Nunca mudou. O ensino público vai mudar quando o governo brasileiro entender que o maior investimento que se pode fazer, é o da educação.

Só espero que não seja necessário voltar ao passado, para que haja uma conscientização moral da população. Afinal, somos o futuro da nação... Que merda hein?!

2 comentários:

  1. Gosto muito do seu espírito combativo, indignado, sedento de mais ética, justiça, solidariedade. É admirável. Na época da ditadura, a juventude era mais combativa, era um tempo de revoluções na cultura, nos costumes, de alcance muito amplo, e em que ideais pairavam no ar. A ditadura não estimulou a rebeldia dos jovens, esta já existia antes, e foi esmagada pela repressão do regime. É verdade que as coisas se aquietaram também na Europa e nos EUA, onde não se instalaram ditaduras, mas no caso do Brasil a perseguição a todos os que defendiam interesses diversos dos representados pelos militares - acredito - foi decisiva para criar a pasmaceira das décadas seguintes. Ano passado muitas manifestações populares se espalharam por muitos cantos do planeta, primavera árabe, movimento ocupe wall-street (que migrou também para alguns países da Europa), manifestações estudantis no Chile, de jovens na Espanha, na Índia um líder a la Gandhi arregimentando seguidores na luta contra a corrupção local, na Rússia (já em 2012) protestos contra fraude nas eleições... tudo isso me deu esperança de que estejamos (nós, terráqueos) acordando para os nossos direitos, para a justiça social e para um mundo mais humano. O caminho é árduo, cheio de pedras (a arte ajuda), mas boto fé que estamos melhorando, e tento fazer a minha parte, na medida das minhas capacidades. Aqui no Brasil a imprensa tem estado muito ativa na denúncia da corrupção, o que é excelente. Como sociedade civil temos que encontrar maneiras de exigir respostas da justiça, para que tudo não fique esquecido. Enfim, como diz o Johnny, continuemos caminhando.

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  2. É interessante citar o fato de que muitos jovens hoje em dia (e eu não me excluou totalmente dessa realidade) pouco se importam com a política. Pra quê, não é? Não vai mudar nada mesmo. Deixa estar... Temos morrido pro mundo, vivido pra coisas fúteis e desnecessárias; Não procuramos estar interados dos assuntos que nos rodeiam: basta sabermos daquele cantor da moda, ou do escândalo que aquela atriz causou na festa... Não digo que temos que dedicar nossa vida 100% à seriedade dos nossos problemas, aos assuntos sociais e "blá blá blás" importantes. Temos sim que viver coisas supérflas, rir de coisas banais, comprar uma blusa a mais e beijar pessoas passageiras. O problema é que muita gente vive em prol disso, e esquece do que realmente importa. E o que realmente importa, na verdade, já está esquecido.
    Vemos que o que anda se passando na cabeça de muita gente se baseia no outro, no que o "outro" fala. O que eu quero dizer é que, muita gente não procura mais se informar em livros, ou no nosso mecanismo de informação atual, a internet. Daí surge o pré-conceito, formado a partir de opiniões vagas de outras pessoas que mal se informaram. Há muito desinteresse hoje em dia. Questões que antes eram polêmicas, não surtem mais o mesmo efeito.
    Agora pouco li sobre a questão do aborto de crianças anencéfalas, que foi aprovado pelo Supremo Tribunal Federal, e fiquei muito revolta, sem saber o que fazer. É o que acontece com outra parcela dos jovens, dos que se preocupam com o meio em que vivem. Lemos, pensamos, nos revoltamos, e paramos ali. Não temos mais base, não sabemos mais onde recorrer, a quem recorrer, o que fazer diante de situações como essa, que nos deixam desconfortáveis neste Brasil de Todos.

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